Depois do último gole, te sinto na minha saliva
E desliza pela pele úmida e concentro meus devaneios nas tuas mãos
Depois das danças das horas, danças de corpos, descansa peito e ar em meu coração
As últimas palavras, sussurros incompreensíveis, sentimentos escondidos...
Nem tudo que se diz pode-se traduzir em verdades, nem tudo que se esconde é segredo...

Só queria que soubesse que as flores eram menos belas que teu olhar
Só queria que soubesse que os dias eram escuros sem você
Só queria que soubesse que as horas eram mais longas sem sua presença
Só queria que soubesse que os abraços se trancaram sem seu calor...

As mesmas coisas que não te disse agora repito silenciosa, palavras más, palavras vazias
As mesmas coisas que olhavas, agora decoro, egoistamente quero perto, dentro
As mesmas coisas que pensei agora reflito, discuto com o vento, meio doida, travo duelos intermináveis, insaciáveis...

É que de tudo que aconteceu, queria que tivesse tido tempo de guardar algum pedaço
Por que não se pode arrancar do tempo um pedaço generoso e guardar num baú, pra num dia de saudade extrema, de fome de vida, abrir e deliciar-se?...
Pena é imaginar as horas perdidas, os longos silêncios que queriam ser gritados, que queria ser intensos e ficaram parados, assim como que vendo a vida lentamente passar, numa caravana silenciosa, entediosa...

Somente tinha palavras pra me dizer, e ficava se escondendo pelas mãos
Somente tinha mentiras pra contar e eu querendo aventuras pra viver...
E tinha dias em que adormecia, ficava a imaginar quando esta dor cessaria...
Por que você não diz as suas armas, por que você não fala a minha língua
pra que brincar tanto de se perder?
Por que se seus problemas já não me distraem!