Sou uma mistura de sentimentos e culpas

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Um eterno ponto de interrogação, sempre querendo saber tudo... um eterno ponto de exclamação, sempre fazendo valer uma opinião pensada e nao copiada da cabeça de alguém...

domingo, 30 de setembro de 2012

Lua (final)

Quando chegou a primavera, a rua inteira ficou colorida, muitas arvores ao longo do passeio publico, e o chafariz da rua parecia deixar tudo mais bonito, Lua adorava sentar-se na praça e ler durante as tardes mais quentes, logo conseguira um companheiro para as tarde, mas Henrique não lia, ao contrario, ficava andando em seu skate e perturbando a paz de Lua, ela ria de tudo e não reclamava...
A tia de Lua logo pensou que aquele menino podia não ser boa companhia pra sua sobrinha, ficava preocupada com as notas na escola, e se perdesse a bolsa, era melhor nem pensar, ao menor sumiço da sobrinha, ela saía pela rua chamando por ela, mas sem parecer rude, inventava algo dentro de casa para trazê-la, passou até a comprar-lhe livros, CDs, filmes novos, mas parecia mesmo que a menina havia feito um amigo. Logo a tia deu-se por vencida e deixou pra lá. Porem Sr. Rocco começava a notar a pequena amiga de seu filho e achar tudo muito estranho, toda vez que via aquela menina, ele sentia algo como se ela tivesse algo estranho no olhar, mas não sabia o que, passou a vigiar de perto a amizade do filho.
O que ninguém sabia, é que por um golpe do destino, ou talvez coincidência mesmo, Sr Rocco não estava errado em ver algo de familiar na menina, de fato ela o lembrava alguém e logo ele teve um estalo, lembrou-se. Assustado, não sabendo bem se estava maluco, ou apenas era uma coincidência, mas Lua era a cara de uma namorada da sua adolescência, mas não lembrava direito seu nome.
No dia seguinte bem cedo, Jujú estranhou uma batida à porta, abriu e viu Sr Rocco.
__bom dia, em que posso ajudá-lo.(já pensando, o que diabos a Lua aprontou?)
__ bom dia, senhora, desculpa incomodá-la mas poderíamos conversar?
__ sim, mas sobre o que?
Entrou e sentou-se no sofá, olhou em volta e já não mais precisava perguntar nada que viera saber, ao lado do sofá havia uma porta retrato com a foto de uma moça muito bonita.
__é a mãe de sua sobrinha? Perguntou ele:
__ sim, Matilde, mas não mora mais aqui, se foi há muitos anos.
__ desculpe, faleceu?
__não, antes fosse, abandonou a pobre menina e caiu no mundo, nunca mais a vimos.
Então ele cria coragem e pergunta:
__ a senhora não se lembra de mim?
Ela olha, e responde :
__não.
__ acho que fui amigo de sua Irma, Matilde e eu namoramos, quase casamos, pelo menos era o que queríamos, mas meus pais se mudaram e nunca mais a vi.
Juju então olha firmemente para o Sr e mal pode acreditar, ele é o namoradinho que um dia sumiu e deixou sua Irma grávida.
__ sim, diz ele._ sou Carlos, namorado de Matilde.
Ele diz isso sem saber que ao ir embora com seus pais tinha também deixado para trás a namorada grávida. Jujú engole em seco e decide não falar nada do que acaba de concluir, melhor ter certeza, mas isso ela já tem.
__ então a senhora era a loirinha magricela que andava sempre com Matilde, que bom que o destino junta as pessoas novamente, não acha?
__ é, sou eu sim, não tão magricela.
Com toda a conversa, Lua entra na sala e vê Sr Rocco, passa por eles cumprimentando e sai.
Nos dias que se seguem, Juju atormenta-se com a ideia da sobrinha ser Irma daquele menino, e pensa, se eles inventam algo, essas coisas que essa garotada inventa, melhor nem pensar e ter certeza antes...
Num inicio de noite, Lua entra na sala de casa e sua tia a chama.
__ senta aqui que precisamos conversar.
__ não fiz nada, tia!
__ não estou te acusando de nada, menina. Preciso te contar uma coisa sobre sua mãe, você sempre pergunta, acho que ta na hora de saber.
Alguns minutos depois, Lua sai correndo pela rua, entra na casa de Henrique e o olha firmemente, ele sem entender, se aproxima.
__o que foi aluadinha? Ta inventando alguma aventura e quer me levar?
__ não. Ela responde, e começa a chorar.
A tia sem saber onde a menina se meteu, começa a procurá-la pela rua, liga para Sr Rocco, que logo chega sem entender. Então ela lhe conta que ele é o pai de Lua, os dois correm para a casa dele.
Lua olha Henrique e como numa cumplicidade estranha, se ajoelham, se beijam.
__você prefere assim? Pergunta ela.
__não, preferia que não fosse, mas se fosse diferente talvez não fosse melhor.
__ você é mesmo um doido, fala um monte de palavras repetidas, nem serve pra irmão, é burro, aposto que nunca leu um livro destes do teu pai!
__ que importa isso agora?
__ não importa, não devíamos ter sido tão apressados, isso sim!
__ mas como íamos saber, ah meu deus!
__Seu Deus? Ele não vai fazer nada por você agora, sabia?
__então? Vamos?
__vamos, vamos sim!
Ouve-se um barulho enorme vindo de dentro da casa, Sr Rocco e Juju entram e mal podem acreditar no que vem. O vidro da mesa de centro quebrado, Lua caída sobre o sofá, sorrindo. Próximo a ela, está Henrique, ainda piscando os olhos, os dois com cortes profundos no pulso esquerdo. Todos correm para tentar fazer algo, os empregados gritam. Já não há o que se fazer, Lua e Henrique estão mortos.
A tia de Lua olha atentamente para a menina, o sorriso que lua tem nos lábios parece provocador, ela abraça a sobrinha... todos choram...os olhos de Henrique miram a janela, de onde se vê uma lua cheia...

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